Monólogo

As ondas quebram-se lentamente na praia. Às nove horas da noite não há plateia. Quebram-se sem ninguém para olhar. Ainda assim, gotas espirram para todos os lados. A gota mergulha pelo ar. Pequenos grãos de sal e gotículas de água misturam-se com o vento. A gota arrebenta-se na areia. A onda vem e a recupera o mar. Porém, parte dela, as gotículas, os pequenos grãos de sal continuam voando pelo ar. Voam até encostar, gentilmente, na testa suada de Rô. Onde mistura-se, inseparavelmente, com o rapaz. Lelê também mistura-se com a maresia. Os dois jovens trocam palavras e sentimentos em um quiosque na praia.

Os dois são amigos há dois anos. Conheceram-se na praia, enquanto corriam no calçadão depois do trabalho. Rô tropeçou e torceu o tornozelo. Lelê sentiu a dor do colega de cooper e resolveu ajudá-lo. Ela deu uma carona até o hospital, onde diagnosticou-se a torção. Desde então, encontram-se duas vezes por semana na praia. Sentam-se em um quiosque para conversar toda quinta, depois do exercício.

Nesta ocasião, Rô estava fazendo um monólogo sobre suas mulheres. Lelê escutava pacientemente enquanto ele discursava sobre suas frustrações amorosas:

“… essa menina era mesmo incrível. Linda. A gente tinha muita sintonia. Perfeita, para dizer a verdade. O problema foi exatamente esse. Nossas opiniões eram muito parecidas: acabamos descobrindo que nenhum de nós dois gostavam de mim.

Depois — ou antes. Bem, não importa. Teve a Carla. Que menina complicada! A gente custou para começar a ficar. Ela sempre parecia me querer, mas na hora que eu fazia qualquer investida, ela desistia. Acho que ela nunca gostou mesmo de mim. Ela queria que eu fosse outra pessoa. Me disse para deixar a barba crescer, porque gostava de homem com barba. Depois disse que era para cortar. Falava para eu ser mais decidido. Eu, bobo, tentava. Ela falava pra eu tentar menos ser engraçado, depois dizia para eu tentar mais. Tudo que eu queria era ter uma namorada. Então eu fazia tudo.

Passado alguns meses, enchi o saco de todas essas exigências. Fiquei muito puto quando ela falou que eu deveria raspar o cabelo. Terminei com ela; disse que ela não gostava de mim, gostava de alguém que ela inventou. Eu não sou esse cara de cabeça raspada que ela fica imaginando!” parou por alguns instantes esperando alguma reação da amiga, que apenas balançou a cabeça positivamente. “Carlinha, com um enorme sorriso, me abraçou e, pela primeira vez, disse que me amava. Voltamos a namorar, mas depois de um mês ela me deixou para um homem de barba. Ela disse que gostava mesmo era de homem que podia crescer uma bela e completa barba.

Outro dia a encontrei aqui na praia. Ela me perguntou se eu finalmente resolvi fazer um exercício físico. Eu disse que não, que estava atrasado para uma festa. Respondeu-me: “típico.”. Me deu um beijo no rosto e falou que a gente devia combinar de se encontrar. Concordei, mas nunca mais procurei. Tem gente que, depois que a gente se livra, é melhor não dar mais chance para o azar, né?”

Rô tomou um gole de cerveja, que agora já estava ficando um pouco quente. Olhou o oceano, onde via-se apenas uma parede escura com pequenas manchas brancas de espuma. Lelê estava brincando com as gotinhas d'água em cima da mesa. Rô continuou:

“Já te falei da Aline? Minha comunistazinha preferida. Em época de eleição, a gente saia de madrugada para arrancar as propagandas eleitorais dos políticos que emporcalham as ruas com suas campanhas. Engraçado que a gente sempre acabava esquecendo de tirar os cartazes com fundo vermelho. A gente passava horas discutindo Marx, Hegel e Smith. Eu juro que, em algumas noites, descobríamos a solução para os problemas do mundo. Entretanto, no dia seguinte, de alguma forma, eu esquecia tudo.

Nós nos conhecemos na faculdade. Um dia eu fui à uma das ocupações da reitoria. Ela estava lá. Baixinha, usando uma bandana vermelha. Gritava a plenos pulmões. Não lembro bem o que. Admirei a sua paixão. Nunca vi ninguém gritar assim; nem pelo Flamengo.

Depois de um tempo, todo mundo resolveu fazer uma pausa para o lanche. Para mim foi ótimo: era o momento de me aproximar da garota da bandana. Corri para cozinha da reitoria. Meu plano era fazer um sanduíche para ela. Cheguei antes de todos. Me pus a fazer sanduíche para quem quisesse.

Quando ela chegou na cozinha, nem me olhou, foi direto para a fruteira. Ofereci a ela um dos meus sanduíches. Não quis; disse que não gosta de comida industrializada. Dei o sanduíche para outro. Peguei uma das frutas também. Começamos a conversar.

A gente foi ficar pela primeira vez quase um ano depois disso. Eu já estava no sexto período da faculdade. Ela estava no quarto. Festa na casa do Marcos. Conhece o Marcos? Já te falei sobre ele, eu acho. Ele sempre fazia umas festinhas. A noite estava fria. Ela me desafiou a pular no mar. Eu disse que iria se ela pulasse também. Fomos os dois.

Pulamos na água gelada — não estava tão fria quanto pensávamos. Mergulhamos de roupa mesmo. Ideia de bêbado, né? A gente ficou um tempo brincando. Eventualmente saímos da água. Ela me disse que estava com muito frio. Então eu disse — coisa mais baranga — “eu te esquento com a minha paixão!”. Segurei ela pela cintura e beijei. Ficamos um tempão namorando na praia. Já estávamos quase secos quando voltamos para festa.

No dia da reitoria, quando nos conhecemos, a gente conversou sobre manifestações. Eu expliquei como admirava a paixão dela. Disse que ainda estava procurando a minha.

Eu ainda a tenho no facebook, mas a gente nem se fala muito. Ás vezes ela me deseja feliz aniversário. Eu sempre desejo feliz aniversário para ela.

Uma vez fizemos uma viagem à Paraty. Nunca chegamos ao destino. Pegamos uma kombi emprestada com um amigo. Daqui até lá são umas três ou quatro horas. A gente gastou dez para chegar até a metade. Parávamos em cada praia, qualquer lugarejo ou paisagem diferente.

No primeiro dia nós dormimos na kombi. Numa praia afastada das cidades. Dava para ver as estrelas. Quanto tempo a gente passa sem ver as estrelas, não é?

No segundo dia a kombi estragou. Conseguimos contactar um mecânico. Em algum momento eu reclamei da kombi ser velha. Disse algo sobre como é bom um carro zero. Ela não gostou. Foi como começou nossa primeira discussão sobre a minha cabeça de capitalista. Foram coisas assim — coisinhas — foram elas que acabaram com a nossa relação.

Um dia eu estava assistindo, descompromissadamente, um jornal na TV. Ela estava no quarto lendo alguma coisa. Cometi o erro crasso de chamá-la para assistir uma reportagem que ia começar. Achei a chamada interessante. Fiz ela parar de ler alguém importantíssimo para ver uma reportagem manipuladora?! De um jornal burguês, ainda por cima! Que estupidez! Discutimos a noite toda.

Uma vez eu copiei uma reportagem da veja e coloquei no formato do blog de um argentino que ela gostava de ler. Até traduzi para o espanhol. Dei uma roubadinha: tirei dois parágrafos que achei que ela não fosse engolir. Ela adorou a postagem. Quando terminou de ler, dissertou com sua peculiar paixão pelas coisas. Achei muita graça. Aline ficou incomodada com minha risada. Perguntou o que estava acontecendo. Eu contei como ela caiu na minha armadilha. Nesse dia eu a peguei de jeito. Dessa vez ela não achou ruim de ter lido uma reportagem da veja. Achou engraçado. Me deu um beijo alegre. Nesse mesmo dia nos encontramos com alguns amigos. “Advinha quem anda lendo veja!”, eu falei. Foi uma noite gostosa.

Sabe quando eu percebi que a amava? Foi uma quarta-feira que começou como qualquer outra. Nós íamos nos encontrar no almoço, mas o carro dela estragou. Acabamos não nos encontrando. Combinamos um jantar.

Fui buscá-la em casa no fim da tarde. Chegando lá, o cachorro dela estava passando mal. Levamos ao veterinário. Ele prescreveu remédios. Deixamos o cão na casa da mãe dela.

Finalmente, nós conseguimos sair de lá e ir ao restaurante. A duas quadras do restaurante, fomos assaltados. Roubaram tudo, até o carro. Passamos na delegacia para fazer um BO. Quase meia noite, resolvemos ir a pé à praia antes de voltar para casa. Só para relaxar um pouquinho. Conseguimos convencer um dos quiosques a nos dar um coco. Estávamos mortos de fome.

Sentamos na areia e compartilhamos o coco. Sentamos lado a lado, de frente para o mar. Ela colocou a cabeça no meu peito e suspirou. Ficamos sentados por uns vinte minutos sem dizer nada. Apenas trocando leves suspiros e caricias. Uma onda grande quebrou muito próximo da areia. A água espirrou em cima da gente. Fechamos os olhos e viramos o rosto; eu para direita, ela para esquerda. Abrimos os olhos. Não precisávamos dizer nada. Eu sabia que ela me amava, ela sabia que eu a amava. Eu sabia que a amava, ela sabia que me amava. Mesmo assim eu falei: “você sabe, né?” ela respondeu: “sei. Você também sabe, né?”. Continuamos olhando um nos olhos do outro. Depois de quase um minuto, completei: “eu te amo.”. Ela: “eu também te amo.” Nos abraçamos. Ficamos mais uma hora abraçados na praia.

Quem diria que o dia perfeito envolve um assalto, um carro estragado e um cachorro doente?”

Rô tomou mais um gole de sua cerveja, cada vez mais quente. Olhou para os olhos de Lelê, que parecia meio avoada no momento. Ele continuou:

“Um dia eu cheguei em casa — havia uns seis meses que ela dormia lá quase todos dias — e tinha um bilhete em cima da minha cama. Nossa cama. Estava escrito “eu sinto muito”.

Procurei-a por toda casa, mas ela não estava. Fui de carro até a casa dela. Ela atendeu a porta chorando. Perguntei o que houve. Ela me contou. No fundo, eu já sabia o que houve antes mesmo de ler o bilhete.”

Uma lagrima escorreu pela bochecha de Rô. Ele limpou como se fosse uma gota de suor e continuou sua história:

“Ela saiu com um cara do DCE na noite anterior. Eles acabaram dormindo juntos. Chorei, mas não foi choro de ciúme. O que mais doía era o fim. Ela estava cabisbaixa quando terminou de me contar. Eu coloquei a mão no queixo dela. Ela levantou o rosto e olhou para mim. Eu olhei para ela. Nós dois tínhamos os olhos vermelhos, cheios de lagrimas. Dei um beijo no rosto dela e disse adeus.”

Rô virou seu copo de cerveja. Encheu com o que restava da garrafa. Deu mais um gole. Olhou um pouco para o nada. Lelê olhou para Rô, mas esboçou apenas um pequeno franzir de testa de compaixão. O rapaz abriu um sorriso triste e disse:

“Quando a gente começou a namorar ela disse que gostava do meu jeito meio perdido no mundo. Eu a chamava de “minha comunista favorita”. Nunca me preocupei muito com as coisas. Não tenho compromisso com qualquer ideia. A gente não sabia onde isso iria chegar.

A gente se separou quando eu estava no oitavo período. No sétimo eu fiz aquele estágio no exterior. Já te falei, lembra? Fui trabalhar em Seattle, na google. Nessa época ela foi para Cuba. Você imagina como foi essa conversa, né? Ela me contou que iria para Cuba um mês antes de eu receber a proposta da Google. Eu pensava em acompanhá-la até Cuba, mas como eu perderia uma oportunidade de emprego como aquela? Fui para o império; ela foi para o paraíso.

Quando voltei, estava com algumas ideias de livre mercado, liberalismo. Fiquei só três meses lá, mas percebi certas coisas. Comparei a vida de Seattle com a vida em Cuba. Ela não suportou quando, em uma eleição presidencial, acabei votando no PSDB. Acho que ela nunca conseguiu conviver com o fato de namorar um cara que votasse no José Serra.

Acho que ela foi meu verdadeiro amor.”

Rô suspirou fundo. Virou mais um copo de cerveja e pediu uma garrafa nova. Começou a rir, reclinou para frente e falou em tom de confidência:

“Vou te contar da Cássia! Lê, que mulher foi aquela! Surgiu como se fosse mágica. Sumiu da mesma forma. Conheci no banheiro de um camping. Ela falou que o banheiro feminino estava estragado. Assim começou nossa primeira transa! Em um mês tivemos uns vinte encontros. Ela só gostava de sexo. Não conversávamos, mal nos conhecíamos. Mas a gente fazia de lado, de cima, de baixo. As vezes com carinho. As vezes com força. Se juntasse todas mulheres que eu já transei não dava uma Cássia. Não sei nem se esse é o nome verdadeiro dela: Cássia.

Um dia eu não quis ligar para ela. No outro também não. Quando assustei, já tinha passado uma semana. Ela também não me ligou. A semana virou mês. Depois ano. Nunca mais nos vimos.”

Rô olhou o relógio. Lelê viu o celular. Começou a responder uma mensagem. Rô esperou pacientemente. Lelê terminou de responder. Rô voltou a falar:

“Às vezes eu me lembro da moça da varanda. Onde será que ela está agora? Será que continua no Botafogo? Eu nem sei o nome dela.

Uma vez, indo para o trabalho, a rua que eu usualmente passo estava fechada. Desviei meu caminho e passei na frente de um prédio com varanda. Uma varandinha pequena, em uma das quinas do prédio. Vi uma moça na varanda do primeiro andar. Olhei para ela; ela olhou para mim.

No dia seguinte tive que passar por lá de novo. A moça estava na varanda novamente. Trocamos olhares. Desta vez eu sorri; ela sorriu de volta.

Próximo dia a mesma coisa. Continuei passando por lá todos dias para ir ao trabalho. Até mesmo depois que o caminho mais curto voltou a estar disponível. Às vezes eu estava preocupado com o trabalho, mas o sorriso dela alegrava o meu dia. De vez enquanto eu sentia que ela não estava bem, mas acho que o meu sorriso a ajudava.

Certa manhã um homem estava abraçado com ela na varanda. Eu fiquei um pouco sem graça, mas olhei e sorri. Ela me respondeu da mesma forma. Não sei se o homem percebeu, mas eu e ela percebemos. Só nós dois compreendemos o que estava acontecendo. Durante um breve instante, o mundo todo era só eu e ela.

Passaram-se meses. Nossa relação crescia, sem que nunca tivéssemos trocado um olá. Ela passou de um pequeno momento pela manhã para a razão pela qual eu gostava de acordar. Eu dormia cedo para não perder a hora de encontrá-la. Ela sempre sorria para mim; eu sempre sorria para ela.

De repente, numa quente manhã de dezembro, ela não apareceu. Na manhã seguinte também nada. Depois de uma semana sem nos ver, resolvi perguntar ao porteiro do prédio. A menina do primeiro andar — do apartamento com varanda — ela está aqui? Não. Mudou-se para o Botafogo.”

Rô tomou mais um gole. Lelê sorriu. Rô sorriu. Ficaram dois minutos em completo silêncio. Rô pensou consigo mesmo “por que Lelê não fala nada?” As ondas continuaram com seu monótono vai-e-vem. Ninguém notava mais. Ninguém se importava. Lelê e Rô falaram juntos:

“Está ficando ta—” “Depois de vário—” “Pode falar.” “Pode falar.”

Os dois pararam de falar e riram. Rô tomou a iniciativa de falar primeiro:

“Passei muitos meses sem ninguém. Acho que talvez até um ano. Resolvi sair e encontrar qualquer pessoa. Fui a um bar com música ao vivo. Estava determinado a encontrar alguém. Conversei com várias mulheres no lugar.

Encontrei uma moça com quem eu gostei de conversar. A gente foi conversando, conversando. Sabe quando ela acha tudo que você fala engraçado e você também acha tudo que ela diz interessante? Ela me convidou para ir à casa dela.

Mulher rica, ela tem uma casa com vista para o mar. Um pouco afastada da cidade. Um lugar calmo, tranquilo. Durante a noite, ouve-se apenas o barulho das ondas lá no fundo. Ouve-se também barulho de bichinhos, insetos, coisas assim. Nós tomamos um vinho juntos. Conversamos sobre a vida. Foi tudo maravilhoso.

Fomos para o quarto. Na cama, deitamos lado a lado. Eu virei para o lado dela; ela virou de costas para mim. Eu a abracei e ela ficou se esfregando contra meu corpo. Eu a abracei bem forte. Senti como se minha vida finalmente fizesse sentido. Me senti bem. Meu coração não estava batendo mais forte, ele estava batendo manso. Dormi confortavelmente.

No dia seguinte, Paula — esse é o nome dela — estava muito brava. Não quis me levar para casa. Quase não deixou que eu telefonasse para o táxi da casa dela. Me fez esperar do lado de fora. O táxi demorou a beça para chegar. O que houve? Ontem foi tão bom? Nunca obtive respostas.”

Uma moça passou pela calçada roubando olhares de quem estava por perto, até o de Lelê. Não roubou o olhar de Rô: ele estava lembrando de sua vizinha. Voltou a seu monólogo:

“A minha vizinha — alguns dias atrás eu estava um pouco carente. Ainda estou. Resolvi interfonar para todos apartamentos do meu prédio. A maioria das conversas não iam muito bem. Muito homem e gente velha no prédio. Muita mulher que não quer ser incomodada.

Uma delas me respondeu. A gente ficou falando um tempão no interfone. Marcamos de nos encontrar no lobby. Sabe quando não bate? Eu a imaginava muito diferente. Imaginava mais magrinha, mais novinha, mais alta... A gente só conversou mesmo.

Será que eu esqueci o que é namorar? Será que eu já soube? Acho que eu não tenho nada a ver com pessoa alguma. Será que eu vou ficar sozinho para sempre? Como mulher, o que você acha, Lelê? Que tipo de homem sou eu?”

A pergunta pegou Lelê de surpresa — ela não esperava que precisaria falar alguma coisa. Perguntou sem esconder um breve bocejo: “o que?”. Rô fez silêncio por alguns instantes. Depois trocaram tá-tardes e boas-noites. Cada um seguiu uma direção. Rô, misturado com transeuntes ao leste, parecia apenas mais uma pessoa. Lelê não passava de mais uma mulher seguindo à oeste em meio a carros e gente. Os dois completam a paisagem. Um turista tira uma foto. Esse momento será lembrado para sempre.

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